Elas sofrem mais com o fim do que eles?
A recomendação dos psicólogos para esquecer de vez um amor passa, sobretudo, pelo luto necessário para que as expectativas geradas na relação sejam definitivamente deixadas de lado. E este sofrimento não costuma diferenciar homens nem mulheres. Para Cristiane Pertusi, psicóloga clínica e psicoterapeuta familiar e de casais, as mulheres não são mais sensíveis ao fim de um relacionamento como diz o senso comum.
"O que pode dizer é que são, em sua grande maioria, mais emocionais, expressam externamente suas emoções, mas não é uma regra e sempre vai depender de características de personalidade, história de vida e individual. Podemos dizer que os homens, por serem 'treinados' a lidar com perdas e seus afetos de maneira menos explícita, demonstram menos ou com menor frequência", avalia Cristiane.
Para a psicóloga especializada em sexualidade, Juliana Bonetti, esta história de que o homem se recupera com mais facilidade que a mulher ao fim de uma relação é uma crença errônea. Ela ressalta que ambos sofrem e são sensíveis ao fim da relação e o que existe são formas diferentes de cada gênero lidar com a situação. "É possível que mulheres chorem mais que homens, pois para eles o choro sempre foi algo socialmente reprimido. Seja como for, não cabem generalizações. Sensibilidade é uma característica individual e subjetiva independentemente do sexo",.
'O término de relacionamentos requer que as pessoas lidem com a perda, sejam capazes de viver a tristeza do rompimento do vínculo, elaborem o luto das expectativas frustradas do que ‘não aconteceu’ e sejam ainda capazes de ‘tirar seu investimento afetivo’ e direcionar isso para outras áreas de sua vida', comenta a psicóloga clínica e psicoterapeuta familiar e de casais Cristiane Pertusi.
Quando o outro de repente nos falta é quando teremos que lidar com a frustração do término não apenas de uma relação, mas sim de um ciclo. 'Temos que dar conta da realidade que se impõe perante nós, na qual não existe mais a possibilidade de concretizar aquilo que idealizamos na relação em questão e necessitamos recalcular os caminhos a seguir e as futuras escolhas. Isto demanda energia e força de vontade', explica a psicóloga especializada em sexualidade Juliana Bonetti.
Curar um velho amor com uma nova paixão resolve mesmo?
Na opinião de Cristiane, isso pode resolver no momento, evitar sentir a dor e a perda, mas não evita a repetição de possíveis erros que tenham causado o fim. Novos investimentos afetivos, diz a psicóloga, são importantes para superar tristezas, mas é importante que a pessoa não coloque outra paixão impulsivamente no lugar para evitar lidar com tristeza, impedir de avaliar seus erros na relação findada e até mesmo tapar o vazio deixado.
Juliana diz que se fosse fácil arrumar esta nova paixão até que ajudaria sim. Mas quando temos um amor, por mais antigo e mal resolvido que seja, estamos enlutados. Isto significa que não viramos a página e que não estamos disponíveis de alma para uma nova relação. 'A cura da dor por um relacionamento que não vingou só acontece quando o indivíduo compreende que aquela pessoa não era tudo aquilo que se idealizou, e que a vida ao lado da mesma poderia não ser, de fato, a melhor opção', analisa.
Como não alimentar a culpa pelo término da relação?
'Compreendendo que se relacionar é estar com outra pessoa e que sempre vai existir o outro lado da questão. Não existe culpa por não ter conseguido corresponder às expectativas do outro. Cada um tem a sua parcela de responsabilidade no fim de uma relação, e se responsabilizar é muito diferente de se culpar', pondera Juliana Bonetti, psicóloga especializada em sexualidade.
Para Cristiane Pertusi, fazer uma autoavaliação de si, da relação e do parceiro pode ser um caminho para perceber que em um relacionamento existem os dois lados e que ambos acertam e erram em um relacionamento. 'É possível dividir entre os parceiros, no término dos relacionamentos, os bônus e ônus', recomenda a psicóloga.
Com que coisas as mulheres costumam se descuidar após o fim?
'Pode ser que a mulher enfrente um período de luto e tristeza. É possível que, durante esta etapa, ela descuide de sua aparência física e que passe o dia sem produção nenhuma. Este comportamento tem um significado e pode ser que essa mulher esteja dizendo que não está com vontade de ser desejada e que está fechada. Mas cuidar de si mesma se traduz em ter amor-próprio, e ter amor-próprio ajuda a melhorar a autoestima fazendo deste período crítico algo mais leve', recomenda Juliana Bonetti.
Nenhum comentário:
Postar um comentário